domingo, 8 de janeiro de 2012

"Pra titia"

Oi...
desejo que todos que por aqui passarem estejam iniciando o ano com ânimo, energia e vontade suficientes para porem em prática suas promessas da virada. rs
Bom, e eu. inicio o ano ainda lendo o livro "comer, rezar e amar" e somente agora cheguei na fase do comer...rs. Estou de férias, por isso a lentidão na leitura. Como falei anteriormente o livro é interessante e eu poderia compartilhar algumas partes aqui no blog.
Descobri que a autora é do mesmo signo que o meu, câncer, mesmo antes disso, eu já  percebia certas coisas em comum. Quando ela falou sobre o signo, foi ai que eu entendi melhor, principalmente, a semelhança na dramaticidade ao contar fatos...rs
Vamos ao que interessa!

"Algumas vezes, fico  muito surpresa ao perceber que minha irmã é esposa e mãe, e eu não. De certa forma sempre pensei que seria o contrário. Pensei que seria eu quem acabaria tendo uma casa cheia de botas sujas de lama e crianças aos berros, enquanto Catherine viveria soteira, em carreira solo, lendo sozinha na cama todas as noites."

Começo transcrevendo esse trecho pois achei que ele me servia como introdução ao tema de hoje e, principalmente, por que o mesmo ocorreu comigo e com minha irmã. Ela que era uma jovem independente e se imaginava na "carreira solo" veio a se casar e me deu uma linda sobrinha. Já eu, que só me via casada e cheia de filhos, me vejo na "carreira solo" e atualmente, não lendo a noite na cama, mas escrevendo meus pensamentos em um blog...nunca sonhei ou imaginei algo parecido com isso.rs Continuando...

"Também sei que não vou ter filhos, apenas para o caso de me arrepender de não tê-los tido mais tarde na vida; não acho que isso seja uma motivação forte o suficiente para por mais bebês ao mundo."

Era bem aqui que eu queria chegar a maternidade! Pois eu que desejava tanto ter filhos, acabei por não tê-los, não foi algo pensado, planejado por mim, mas sim por que o tempo  correu feito um louco e também a falta de um homem que me inspirasse foram os fatores que me levaram a essa "decisão". Daí pode-se também perceber o quanto sou careta, pois sempre acreditei que criança tem que ter pai e mãe presentes, ou no mínimo, participativos, por isso sempre descartei a possibilidade da  produção independente. E assim segui, e o  filho acabou por não ser uma realidade em minha vida. Não os meus filhos, mas os das vizinhas estão sempre comigo...rs simplesmente porque eu adoro crianças e elas também me adoram.
No entanto, não ter filhos não é uma situação confortável, sempre senti o peso da cobrança por eu não ter uma vida "normal"....rs Uma mulher, mesmo que seja independente, que trabalhe fora e etc, para a sociedade, deveria se casar ao menos  uma vez e, de preferência, ter um ou mais filhos. Portanto eu não sou socialmente normal.  Sobre isso a Elizabeth Gilbert fala:

"Você vai precisar encontrar outro propósito, outra medida pela qual avaliar se foi ou não um ser humano bem-sucedido..."

Essa frase  veio ao encontro do que eu já sentia e  percebia.  Por várias vezes, tive e tenho que me justificar por ser uma mulher sozinha e sem filhos. Não é só a sociedade que me olha torto...rs minha própria família sempre me cobrava casamento, mas creio que eles já entenderam que essa fase passou por mim e eu não vi, e muito menos eles...rs (Eu "amava" os abraços da passagem de ano, quando todos, realmente todos, me desejavam que no ano seguinte eu encontrasse alguém..rsrs). Nisso tudo o que é mais constrangedor são as pessoas estranharem o fato deu não ter filhos, como se só a maternidade fosse um papel a ser cumprido por uma mulher. As vezes acho que as pessoas sentem pena de mim por isso, me acham solitária. No entanto, percebo em várias famílias que seus filhos não são ou foram garantia alguma de felicidade e de cia para a velhice ou qualquer outro tempo.
Ao longo da vida tive que aprender a ter sempre uma resposta pronta para as perguntas a esse respeito. Já senti e sinto pessoalmente, que  a maioria das pessoas não me vêem como pessoa realizada. Não percebem o que fiz por mim, não lhes interessa quantas batalhas lutei para apenas ser eu mesma, não me vêem como alguém que conseguiu sucesso e tranquilidade em vários aspectos da vida, não há outro parâmetro de felicidade e completude para a mulher, se não for a maternidade. O mundo gira com imensa rapidez, tudo evolui, e mesmo assim, ainda há pessoas que só acreditam no que lhes parece socialmente conveniente. Eu, como muitas mulheres atualmente, vivemos bem com nossas escolhas, com nosso caminho percorrido  e com a história construída. Estar só, não ter casado e não ter sido mãe, nunca foi ou será um empecilho para a minha felicidade ou de qualquer outra mulher e bem na verdade, dependendo da situação, a nossa opção ainda tem bem mais vantagens! 
E se aqui cabe um conselho...gostaria imensamente que as pessoas parassem de pensar em meu estado civil como solteirona e que muito menos repetissem o velho chavão "ficou pra titia" .rsrs
Grande abraço a todos, fiquem com Deus!

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