sexta-feira, 19 de abril de 2013

Alunos X Professores


Olá... estive sumidinha rs.
Mudando um pouco o foco,.. espero que eu consiga com esse texto verbalizar meu incomodo. Nem tudo inclui todos! No dia-a-dia ainda consigo decifrar alguns segredos e perceber diferenças, porém não há diferença na maioria.
Alunos X Professores, eu não coloquei o “E” pois estou experimentando a sensação de que estamos uns contra os outros. Não percebo mais uma relação de completude, de colaboração, onde um necessita e acredita no outro.
Quando eu era pequena a escola era quase que um lugar sagrado, onde o respeito era a chave principal das relações. Sabemos que era uma fase mais dura para o aluno, o professor era o próprio poder, existia certa submissão dos alunos nesta relação, porém o professor era muito mais que isto, o respeito não era só pelo poder simples de mandar e obedecer, não! O professor era a chave para a mudança, para o aprendizado, o caminho do crescimento pessoal, intelectual e futuramente, quem sabe, o financeiro.

É no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade.
Immanuel Kant

Não havia outro caminho para construirmos uma nova história pessoal, se não, pela educação, e ai o professor era a peça chave. Porém nos 90 surgem novos caminhos, a escola perde seu espaço e seu valor para as ONGS e suas ações sociais direcionadas para os esportes, para as artes e etc etc. Quantos de nós não vimos inúmeros comerciais e programas com lindos depoimentos que declaravam o quanto o esporte e arte foi importante na vida de algumas crianças e adolescentes?  

Se a educação sozinha não pode tranformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda.
Paulo Freire
 
Não sou professora de trocentos anos, mas nos poucos anos que experimento a profissão, constato que; de ano para ano tudo fica diferente, que tudo fica mais complicado e que tudo fica muito pior. Nas duas últimas semanas tivemos muitos acontecimentos graves dentro das escolas, o que mais vi no meu face, foi a cara de professoras que foram agredidas por alunos. E o mais triste disso tudo, que não foram agredidas por alunos adultos, não, foram os fofos adolescentes. Aqueles mesmo que possuem todo o perdão da lei e da justiça, aquele que rouba, mata, estupra e tantas outras coisas, mas que são protegidos por uma legislação cretina que acoberta e facilita a criminalidade.

Quando acontece de uma professora, que por anos cumpriu seu compromisso social e pedagógico perde a cabeça e acaba por fazer alguma besteira, ou às vezes por algum azar, algo grave acontece, ninguém perdoa! A mesma justiça que liberta o adolescente infrator pune a professora, o mesmo conselho tutelar que não faz nada quando acionado em relação aos descontroles de alunos, vem com tudo em cima da professora, conduzindo e fortalecendo opiniões e o coro da “morte” ao profissional que grita com seu pobre e coitado aluno. Se um professor qualquer, inclusive os que são considerados competentes, íntegros e cumpridores de seus deveres, vacilar quando seu saco já está transbordando de tensão e raiva, ele será condenado!  Mesmo que não seja uma prática comum ser grosseiro ou agredir um aluno ele será condenado! O deslize ou vacilada de um professor é caso para perpétua ou morte!rs

Na verdade, hoje em dia o professor e a escola não podem nada! Ainda mais se for para repreender, para educar (sabemos que governos não querem pessoas educadas) e  mesmo para se defender. Mas podem apanhar, podem ouvir palavrões, podem ir tomar em todos os buracos que possuírem, pois professor é o capacho da sociedade. A escola é o depósito dos delinquentes, dos infratores, dos que não buscam nada a não ser uma carteirinha que os represente como estudantes no momento das “duras” da polícia.

Enquanto os profissionais da educação trabalham e pensam para resolver os problemas de cada aluno, os problemas do grupo que está na escola e até pensando e discutindo como auxiliar nos problemas da sociedade, que, com toda certeza não foram eles que criaram, o governo trabalha firmemente para manter o caos e desordem social que eles criaram.

Sinto que trabalhamos solitários, que não há ninguém a nosso favor, nem mesmo nosso sindicato, diga-se de passagem. Todos estão contra nós, não temos mais a quem recorrer, estamos ilhados envoltos por um mar de desrespeito, descaso e violência.

Estou realmente revoltada, hoje discuti com um aluno, na discussão lembrei-me que sou funcionária pública e que por isto, somente isto, há uma lei que posso usar ao meu favor e eu o ameacei com essa possibilidade. Envergonhada estou de não ter nenhuma alternativa como profissional para fazer valer meu direito de chamar atenção de um rapaz de 16, 17 anos atrasado em sua escolaridade, que se sente poderoso para dizer o que quer e da forma que quer pelo simples fato de ser morador, ou sabe-se o que mais de uma “comunidade”. Ele falava como se eu tivesse mais que ouvir e calar, caso eu tenha amor a minha vida. Este ser necessitado e coitado ainda cursa o ensino fundamental e o que é pior, frequenta o projeto criado pelo governo do estado, que por ironia é denominado Autonomia. Gostaria de saber para qual pessoa esse governo pensa em dar autonomia. As turmas se tornaram depositos de adolescentes que nunca quiseram estudar e que davam problemas em outros turnos da escola atrapalhando o ritmo e bom funcionamento da instituição. Dá pra acreditar que agrupando pessoas com perfis tão parecidos em um mesmo ambiente (turma), se conseguirá fazer algo de valor e importante para a vida delas? Eu não creio!!!  O que percebi com esse projeto foi o aumento de palavrões, de celulares, de fones no ouvido na sala de aula, enquanto a panaca ou o panaca do professor fala, e para alegrar a galera há também muito funk rolando. Um desafio a nossa criatividade e imaginação pensar que com isto tudo ainda estamos vivenciando um espaço para a educação.

Agora penso em como seria se eu fosse realmente agredida verbal ou fisicamente por um aluno. O aluno com quem tive problema hoje deve ter me xingado muito em seus pensamentos rs, no entanto eu não escutei nada, e mesmo que eu não me assuste com palavrões, eu seria obrigada a tomar alguma atitude caso ele o tivesse feito. Não sei bem qual seria a minha reação na hora, mas já me convenci, a muito tempo, de que meu primeiro passo seria ir a uma delegacia.  No entanto, me lembrei da conversa que tive com o moço que fica no portão de outra escola que trabalho, onde a maioria dos alunos ainda são crianças, e que uma delas resolveu mandar aquele adulto, cumprindo seu trabalho ir tomar no..., ir se fu..., e tantas outras coisas, inclusive coisas inovadoras. Comentei com meu colega de trabalho do perigo que pode ser irmos à polícia. Não sabemos quem são os pais e se eles poderiam “frequentar” uma delegacia por problema tão pequeno quanto este rs. Fica a dúvida...

Pois é... Ser educador hoje em dia é algo muito difícil e complicado, lutamos contra governos, famílias e contra os próprios alunos. Nós queremos educar, transformar, criar possibilidades e todos eles querem, desejam e buscam o nosso fracasso. Nadar contra a maré não é nada se comparada à profissão de professor. rs
Abraços especiais aos colegas de profissão e aos demais, um até breve!

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