Olá... estive sumidinha rs.
Mudando um pouco o foco,.. espero que eu consiga com esse texto verbalizar meu incomodo. Nem tudo inclui todos! No dia-a-dia ainda consigo decifrar alguns segredos e perceber diferenças, porém não há diferença na maioria.
Alunos X Professores, eu
não coloquei o “E” pois estou experimentando a sensação de que estamos uns
contra os outros. Não percebo mais uma relação de completude, de colaboração,
onde um necessita e acredita no outro.
Quando eu era pequena a
escola era quase que um lugar sagrado, onde o respeito era a chave principal das
relações. Sabemos que era uma fase mais dura para o aluno, o professor era o
próprio poder, existia certa submissão dos alunos nesta relação, porém o
professor era muito mais que isto, o respeito não era só pelo poder simples de
mandar e obedecer, não! O professor era a chave para a mudança, para o
aprendizado, o caminho do crescimento pessoal, intelectual e futuramente, quem
sabe, o financeiro.
É no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade.
Immanuel KantNão havia outro caminho para construirmos uma nova história pessoal, se não, pela educação, e ai o professor era a peça chave. Porém nos 90 surgem novos caminhos, a escola perde seu espaço e seu valor para as ONGS e suas ações sociais direcionadas para os esportes, para as artes e etc etc. Quantos de nós não vimos inúmeros comerciais e programas com lindos depoimentos que declaravam o quanto o esporte e arte foi importante na vida de algumas crianças e adolescentes?
Se a educação sozinha não pode tranformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda.
Paulo Freire
Não sou professora de
trocentos anos, mas nos poucos anos que experimento a profissão, constato que; de
ano para ano tudo fica diferente, que tudo fica mais complicado e que tudo fica
muito pior. Nas duas últimas semanas tivemos muitos acontecimentos graves
dentro das escolas, o que mais vi no meu face, foi a cara de professoras que
foram agredidas por alunos. E o mais triste disso tudo, que não foram agredidas
por alunos adultos, não, foram os fofos adolescentes. Aqueles mesmo que possuem
todo o perdão da lei e da justiça, aquele que rouba, mata, estupra e tantas
outras coisas, mas que são protegidos por uma legislação cretina que acoberta e
facilita a criminalidade.
Quando acontece de uma
professora, que por anos cumpriu seu compromisso social e pedagógico perde a
cabeça e acaba por fazer alguma besteira, ou às vezes por algum azar, algo
grave acontece, ninguém perdoa! A mesma justiça que liberta o adolescente
infrator pune a professora, o mesmo conselho tutelar que não faz nada quando
acionado em relação aos descontroles de alunos, vem com tudo em cima da
professora, conduzindo e fortalecendo opiniões e o coro da “morte” ao
profissional que grita com seu pobre e coitado aluno. Se um professor qualquer,
inclusive os que são considerados competentes, íntegros e cumpridores de seus
deveres, vacilar quando seu saco já está transbordando de tensão e raiva, ele será
condenado! Mesmo que não seja uma
prática comum ser grosseiro ou agredir um aluno ele será condenado! O deslize
ou vacilada de um professor é caso para perpétua ou morte!rs
Na verdade, hoje em dia
o professor e a escola não podem nada! Ainda mais se for para repreender, para educar (sabemos
que governos não querem pessoas educadas) e mesmo para se defender. Mas
podem apanhar, podem ouvir palavrões, podem ir tomar em todos os buracos que possuírem,
pois professor é o capacho da sociedade. A escola é o depósito dos
delinquentes, dos infratores, dos que não buscam nada a não ser uma carteirinha
que os represente como estudantes no momento das “duras” da polícia.
Enquanto os
profissionais da educação trabalham e pensam para resolver os problemas de cada
aluno, os problemas do grupo que está na escola e até pensando e discutindo
como auxiliar nos problemas da sociedade, que, com toda certeza não foram eles
que criaram, o governo trabalha firmemente para manter o caos e desordem social
que eles criaram.
Sinto que trabalhamos
solitários, que não há ninguém a nosso favor, nem mesmo nosso sindicato,
diga-se de passagem. Todos estão contra nós, não temos mais a quem recorrer,
estamos ilhados envoltos por um mar de desrespeito, descaso e violência.
Estou realmente
revoltada, hoje discuti com um aluno, na discussão lembrei-me que sou
funcionária pública e que por isto, somente isto, há uma lei que posso usar ao
meu favor e eu o ameacei com essa possibilidade. Envergonhada estou de não ter
nenhuma alternativa como profissional para fazer valer meu direito de chamar
atenção de um rapaz de 16, 17 anos atrasado em sua escolaridade, que se sente
poderoso para dizer o que quer e da forma que quer pelo simples fato de ser
morador, ou sabe-se o que mais de uma “comunidade”. Ele falava como se eu
tivesse mais que ouvir e calar, caso eu tenha amor a minha vida. Este ser
necessitado e coitado ainda cursa o ensino fundamental e o que é pior,
frequenta o projeto criado pelo governo do estado, que por ironia é denominado Autonomia.
Gostaria de saber para qual pessoa esse governo pensa em dar autonomia. As
turmas se tornaram depositos de adolescentes que nunca quiseram estudar e que
davam problemas em outros turnos da escola atrapalhando o ritmo e bom
funcionamento da instituição. Dá pra acreditar que agrupando pessoas com perfis
tão parecidos em um mesmo ambiente (turma), se conseguirá fazer algo de valor e
importante para a vida delas? Eu não creio!!! O que percebi com esse projeto foi o aumento
de palavrões, de celulares, de fones no ouvido na sala de aula, enquanto a
panaca ou o panaca do professor fala, e para alegrar a galera há também muito
funk rolando. Um desafio a nossa criatividade e imaginação pensar que com isto
tudo ainda estamos vivenciando um espaço para a educação.
Agora penso em como
seria se eu fosse realmente agredida verbal ou fisicamente por um aluno. O aluno
com quem tive problema hoje deve ter me xingado muito em seus pensamentos rs,
no entanto eu não escutei nada, e mesmo que eu não me assuste com palavrões, eu
seria obrigada a tomar alguma atitude caso ele o tivesse feito. Não sei bem
qual seria a minha reação na hora, mas já me convenci, a muito tempo, de que
meu primeiro passo seria ir a uma delegacia.
No entanto, me lembrei da conversa que tive com o moço que fica no
portão de outra escola que trabalho, onde a maioria dos alunos ainda são
crianças, e que uma delas resolveu mandar aquele adulto, cumprindo seu trabalho
ir tomar no..., ir se fu..., e tantas outras coisas, inclusive coisas
inovadoras. Comentei com meu colega de trabalho do perigo que pode ser irmos à
polícia. Não sabemos quem são os pais e se eles poderiam “frequentar” uma delegacia
por problema tão pequeno quanto este rs. Fica a dúvida...
Pois é... Ser educador
hoje em dia é algo muito difícil e complicado, lutamos contra governos,
famílias e contra os próprios alunos. Nós queremos educar, transformar, criar
possibilidades e todos eles querem, desejam e buscam o nosso fracasso. Nadar contra
a maré não é nada se comparada à profissão de professor. rs
Abraços especiais aos colegas de profissão e aos demais, um até breve!
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